quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Desespero de Pré-Mamã...

Este é o primeiro do que espero que venham a ser muitos...
São contributos femininos. Contributos de mães fumantes. Como foi a gravidez com a pressão do anti-fumo? Como foi a amamentação?
O primeiro contributo é da Cat. Obrigado. O teu pontapé de saída é um grande sinal de coragem. Desafio, quem queira, a seguir o exemplo da nossa musicodependente. Mandem as vossas histórias!


"Assim que soube que estava grávida pensei em largar os cigarros. Nunca consegui totalmente. Nem da primeira vez, nem da segunda. Ainda tive a esperança que o meu médico fosse daqueles que dizem "mais vale fumar 2 ou 3 cigarritos do que andar toda enervada", mas não. É para deixar de fumar e pronto! Não consegui. Reduzi, reduzi, reduzi, mas nunca parei.Lembro-me que quando entrei pela primeira vez em trabalho de parto, enquanto a família se organizava para me levar ao Hospital, fumei um cigarrinho escondida na casa-de-banho.
E depois do parto? Só me apetecia comer um enorme bife com batatas fritas e de seguida, um belo cigarrinho. Nada! Um pão com manteiga, um chá e uma maçã... e cigarrinho nem pensar, claro.Mal me conseguia mexer e não tinha levado os cigarros. Nada a fazer! (Como é óbvio, da segunda vez ia prevenida e ainda dei umas passinhas rápidas na casa de banho do quarto enquanto o meu bebé e todas as outras mães e respectivos rebentos dormiam.)48 horas depois deram-nos alta. De volta a casa, cheia de pontos e de dores resolvi assumir e anuncei ao marido e à mãe: "Não quero saber! Estou cheia de dores! Vou fumar um cigarro! " . O estado lamentável em que encontrava devia ser tão óbvio que nem um nem outro optaram pelo sermão...A amamentação. Continuar a fumar o mínimo possível, a culpar-me cada vez que o fazia, mas sem nunca conseguir largar. Um ciclo vicioso do qual só saí quando o meu corpo voltou a ser só meu. Liberdade! Anh? Nada. Nunca mais foi o mesmo. Ter filhos muda-nos realmente a vida, faz-nos pensar nas coisas de forma diferente. Nunca antes de ser mãe a minha relação com o tabaco tinha sido posta em causa. Actualmente, o desejo de largá-lo (ao cigarro) surge amíude na minha mente. Mas depois, toda esta histeria, as leis, as proibições, tudo isso tem contribuído para que ainda não tenha deixado de fumar. Só para contrariar."

1 comentário:

La Payita disse...

Senti-me de tal forma identificada com este post da Catizz, que aceitei o desafio.

Mas tenho um pressentimento, daqueles à cigana, que isto vai ser de uma monotonia...

Culpa
Casas de banho
Culpa
Casas de banho
Culpa
Casas de banho


Até ao desespero... Mas porquê?

Sim, claro, faz mal à saúde e não somos uma, somos duas... Mas porque é que mesmo quando o cigarro é esporádico, nos sentimos criminosas?

A pressão social...

Não será mais grave viver a gravidez sem amor? Quando engravidamos porque é aquilo que socialmente se espera de nós? Que procriemos?

É assim tão grave estar grávida e feliz e sentir amor por uma pessoa que não nasceu ainda e fumar um cigarrito de vez em quando?

Lembro-me de um conceito em psicologia que se chama de "hospitalismo". Agora não há espaço para grandes explicações, mas o conceito apareceu porque as crianças no início do século XX morriam literalmente de tristeza nos orfanatos, por falta de afecto... De experiências feitas com chimpazés que preferiam mães felpudas e quentinhas, a mães frias e com comida... A vinculação... O afecto, o amor...

Não será a falta de apego mais grave?? Então porque nos sentimos culpadas????