quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Dar lume

Fumar sempre esteve associado a alguma sensualidade, mistério e rebeldia.
Sempre foi, e continua a ser, um óptimo pretexto para iniciar uma conversa com alguém que consideramos interessante.
"Tens lume?"
A expressão é usada vezes sem conta e o tempo do cigarro é tempo para a conversa circunstancial e conveniente.
O flirt do cigarro ocorre agora mais explicitamente que nunca. A proibição de fumar em locais fechados fez com que os não fumantes passassem a desejar fumar, apenas para conhecer aquela/e rapariga/rapaz que vai lá fora fumar um cigarro. Mais, alguns e algumas passaram mesmo a fumar. Condição essencial para todos/as é o isqueiro sempre à mão... para "dar lume".

O jogo de sedução inicia no momento do "Dás-me lume?" e continua durante o período em que o cigarro ainda arde. Fazer render o cigarro é fazer render o tempo de sedução. É aumentar esperanças a quem está connosco. O contrário, acelerar o fim do cigarro, é como dizer que a pessoa não nos interessa. Que já chega, que a conversa não agradou.

Deixo-vos com Jorge Palma, grande poeta...

Jorge Palma,"Dá-me Lume"

"Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas
Há tanto tempo a acenar."




(Foi o melhor vídeo que encontrei)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Marca

"Um fumador deve ser fiel à marca que fuma". Ouço isto milhentas vezes porque não cumpro essa regra.
Aliás, eu não consigo cumprir regras de fidelização a marcas a não ser no leite e na manteiga.
Não fumar sempre Marlboro, Ventil, Filtro ou Português Suave, não faz de mim um fumador menos fiel ao fumo. Gosto de fumar. Fazer fumo, independentemente da origem desse fumo... ainda se cada marca fizesse um fumo de cor diferente. Por exemplo, se fumassemos Marlboro o fumo seria vermelho, Filtro seria azul escuro, Português light seria azul claro. Aí sim, teria a sua graça. Acho que iria fumar 7 cigarros ao mesmo tempo, só para fazer o arco-íris. hehehehe
Já imaginaram nos jogos de futebol? Os adeptos escolheriam a sua marca em função da cor do fumo. O mesmo se aplica aos políticos.

Seria igualmente original que cada marca tivesse a preocupação de associar ao seu fumo, as características do país onde será vendido. Teríamos assim o fumo indiano, o fumo angolano, o fumo português ou o fumo italiano. Seria uma panóplia de cheiros e cores a invadir o nosso espaço. Mais uma forma de conhecer algumas características de alguns países.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fumar...

Fumar.
Tirar o cigarro do maço cheio. Sentir o odor. Cheirar.
Puxar do isqueiro que está no bolso. Acender o isqueiro só porque sim.
Pôr o cigarro na boca. Acender o isqueiro e, com ele, o cigarro.
Inalar o primeiro fumo.
Ver a beata a crescer. O cigarro a encolher. O laranja da beata acesa, quando puxamos o fumo.
Deitar o fumo para fora. Vê-lo a ondular. Pensar em mil coisas nossas e só nossas.
Fumar e pensar...
Olhar de novo o cigarro já só com o filtro. Apagar.
Regressar à tarefa pré-fumo.

O ritual é único. Singular. Diferente para todos os fumadores. O uso do tempo do cigarro. Tempo nosso. Tempo de paragem no tempo.