segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Era uma vez...

Nos tempos que já lá vão, quando podíamos fumar por todo o lado, o cigarro tornava-se um elemento central onde quer que estivéssemos. Ou porque satisfazia, saciando a nossa dependência, ou porque incomodava alguns.

Quem não queria fumar, fumava à mesma. E isso satisfazia-me também. Que bom que é saber que contribuimos para alguma coisa na vida daquela pessoa... nem que seja o despertar de alguns sentimentos que só eram possíveis para aqueles outros, nos momentos em que alguém fumava junto deles.

Esta gente, nunca mais vai poder olhar de lado para os fumadores, nunca mais vão poder dizer "Parece mentira! A fumar no restaurante connosco a jantar" e ainda "Olhe que eu não quero fumar. O fumo passivo faz ainda mais mal."

Com esta medida descabida, o governo retirou o prazer destas pessoas. Quem sabe se estes não eram os únicos momentos em que se sentiam de facto irritados durante o dia? Se não era o único momento em que conseguiam demonstrar alguma raiva, que agora vai ficar eternamente contida dentro daqueles seres limpinhos?

Pensam que esta gente está satisfeita? É mentira! Eles estão ainda mais revoltados connosco, porque agora foram excluídos destes momentos. Nós somos uma comunidade! "Os Fumantes" e eles o que são? São "Os outros".

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Desespero de Pré-Mamã III...

Segue o terceiro contributo da experiência de uma grande Mulher!
Obrigado, Joana, pela tua partilha.

"Sim, a culpa é grande… mas não foi bem nisso que estive focada durante as minhas duas “gravidezes”.
Como fui abençoada com o estado de graça invertido (porque estado de desgraça é um pouco demais), e os dois tempos de gestação foram mais tempo de sono, sofá, croché e travesseiros de Sintra aos quilos, o fumo não se pode dizer que tenha sido a pior das ausências.
Por isso, não tenho histórias engraçadas para contar… apenas dizer que estive, desta última vez, 18 meses inteirinhos sem fumar. Comecei antes mesmo de ficar grávida… mas no primeiríssimo dia em que a miúda considerou que já chegava e que leite de vaca é que era, agarrei num cigarro e pimbas, lá recomecei com prazer e vocação renovados!
Tenho o hábito ritual de fumar… e por isso não consigo fazê-lo (a não ser em situações--limite de abstinência) a andar no meio da rua, antes do pequeno-almoço e do café da manhã e também… em casas de banho. Mas como vos compreendo… até porque, por causa desta coisa parva do ritual, quando por altura da minha 1ª gravidez tive de ficar internada 10 dias (e a coisa não estava fácil e o stress e o medo acabaram com qualquer vestígio de culpa e transformaram-se em vontade compulsiva de fumar), tive de fugir em camisa de noite de hospital por umas escadas de serviço mesmo coladas ao meu quarto, que me fazia falta o sol na cara e o fumo a sair pelas narinas."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

Desespero de Pré-Mamã II ...

Cá vem, dançando, mais uma corajosa mamã... contando a história do fumo na sua gravidez.

Olé para ela, que é da La Payita que se trata!

"Dois ou três dias depois de saber que estava grávida, deixei de fumar. E nas horas que se seguiram devorei toda a espécie de pastilhas elásticas e rebuçados. Nunca tinha imaginado haver tanta diversidade de pastilhas. Os rebuçados quase que os comia com papel e tudo. E durante cerca de 24 horas esqueci-me que estava grávida. O único pensamento que o meu pobre cérebro processava era: "Deixei de fumar, deixei de fumar, deixei de fumar..."
No dia seguinte, roubei um cigarro a alguém e fechei-me na casa de banho. A fumar o primeiro cigarro culpado. De uma série de cigarros culpados, que me aconteceram nas 37 semanas seguintes. E nem a sentença benévola da minha médica, a dizer-me que mais valia fumar um cigarrito aqui e ali do que viver a ansiedade de não fumar nenhum, me impediu de viver 37 semanas da mais angustiante CULPA.
Reduzi para metade. Alternava os meus ventis com uns cigarros que nem recordo o nome, grandes e fininhos até ao desespero. Cigarros de "senhora", disseram-me. E eu sem conseguir evitar sentir-me uma adolescente, a fumar às escondidas dos pais e dos "stôres". Escondida na casa de banho. Dos cafés, dos restaurantes, dos consultórios médicos, da Maternidade... Mas nem aí a culpa me deixava sozinha, a saborear o momento clandestino.
Estive internada na semana que antecedeu o parto. Os cigarros contados e controlados por adultos zelosos e responsáveis. Uma semana, num quarto de hospital, sem nada para fazer, sem conseguir sequer a concentração necessária para ler um livro. Sozinha. Horas que pareciam dias. Com os cigarros da culpa contados. Acho que a minha filha nasceu mais cedo para acabar com a minha pena. Em solidariedade.
Amamentei muito pouco tempo. Quando acabou a liberdade condicional, agarrei numa garrafa de coca-cola e bebi-a como se não houvesse amanhã. A bebida a sair-me aos borbotões pelas narinas, os olhos a lacrimejar com o gás. No final, um arroto sonoro! BRRUPP! Estava livre!!! Desatei a fumar. Tanto, que dupliquei o que fumava antes de engravidar.
Daquelas 37 semanas recordo melancólica as minhas jardineiras de ganga. Que usava até ter vergonha que reparassem que andava sempre com a mesma roupa. As minhas jardineiras de ganga, com um bolso à frente. Onde escondia os cigarros e o isqueiro. E assim, podia ir a todas as casas de banho, deixando a mala com os guardas prisionais. "'Tão a ver? Nada na mão! Não vou fumar!". As minhas jardineiras e eu... Partners in crime!"

La Payita
http://pachadrom.blogspot.com/

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Desespero de Pré-Mamã...

Este é o primeiro do que espero que venham a ser muitos...
São contributos femininos. Contributos de mães fumantes. Como foi a gravidez com a pressão do anti-fumo? Como foi a amamentação?
O primeiro contributo é da Cat. Obrigado. O teu pontapé de saída é um grande sinal de coragem. Desafio, quem queira, a seguir o exemplo da nossa musicodependente. Mandem as vossas histórias!


"Assim que soube que estava grávida pensei em largar os cigarros. Nunca consegui totalmente. Nem da primeira vez, nem da segunda. Ainda tive a esperança que o meu médico fosse daqueles que dizem "mais vale fumar 2 ou 3 cigarritos do que andar toda enervada", mas não. É para deixar de fumar e pronto! Não consegui. Reduzi, reduzi, reduzi, mas nunca parei.Lembro-me que quando entrei pela primeira vez em trabalho de parto, enquanto a família se organizava para me levar ao Hospital, fumei um cigarrinho escondida na casa-de-banho.
E depois do parto? Só me apetecia comer um enorme bife com batatas fritas e de seguida, um belo cigarrinho. Nada! Um pão com manteiga, um chá e uma maçã... e cigarrinho nem pensar, claro.Mal me conseguia mexer e não tinha levado os cigarros. Nada a fazer! (Como é óbvio, da segunda vez ia prevenida e ainda dei umas passinhas rápidas na casa de banho do quarto enquanto o meu bebé e todas as outras mães e respectivos rebentos dormiam.)48 horas depois deram-nos alta. De volta a casa, cheia de pontos e de dores resolvi assumir e anuncei ao marido e à mãe: "Não quero saber! Estou cheia de dores! Vou fumar um cigarro! " . O estado lamentável em que encontrava devia ser tão óbvio que nem um nem outro optaram pelo sermão...A amamentação. Continuar a fumar o mínimo possível, a culpar-me cada vez que o fazia, mas sem nunca conseguir largar. Um ciclo vicioso do qual só saí quando o meu corpo voltou a ser só meu. Liberdade! Anh? Nada. Nunca mais foi o mesmo. Ter filhos muda-nos realmente a vida, faz-nos pensar nas coisas de forma diferente. Nunca antes de ser mãe a minha relação com o tabaco tinha sido posta em causa. Actualmente, o desejo de largá-lo (ao cigarro) surge amíude na minha mente. Mas depois, toda esta histeria, as leis, as proibições, tudo isso tem contribuído para que ainda não tenha deixado de fumar. Só para contrariar."

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Heróis com fumo

Os heróis e heroínas do fumo podem ser quem nós quisermos e podem estar até onde conseguirmos ir na nossa imaginação e abrangência de recordações.

Na minha infância o Lucky Luke, desenho animado, cowboy solitário pertencente ao grupo dos bons. Era ele contra todos, e ele vencia. Era mais rápido que a própria sombra. Fumante.

Recordo ainda aqueles galãs de cinema. Aqueles que ficavam com as miúdas mais giras, que eram os mais fortes e que derrotavam os maus. Fumantes. Todos.

Na adolescência, recordo os músicos. Aqueles que ouvia... Fumantes. Nirvana, The Doors, Xutos, Jorge Palma, e por aí fora.
Recordo ainda aqueles que admirava, aqueles que eram as personalidades reconhecidas na escola, o que faziam e o impacto que isso trazia a quem os rodeava e a quem os via...Fumantes.
Penso ainda no tempo em que já era um deles. Fumante.

Desde sempre as figuras familiares de referência... não só pais, mas tias e tios. Gente que importa, gente que se importa. A minha gente! Fumantes.

Heróis....Heroínas
Fumantes!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

E depois do amor...

Amar...
Prazer a dois...
Suar...
Balançar....
Acariciar...
Estar...
Entregar...
Ficar...
Beijar...

Momentos que queremos tornar eternos.... Prazer que enlouquece, que nos faz transbordar, que nos envia aos céus, que nos dá asas e que nos faz voar. Pairar. Sensação de abrir as asas e planar. Deixar-se levar ao rumo do vento. Deixar os pensamentos flutuar. Não pensar.

E depois?
E depois do amor...o adeus. O ficarmos sós... acompanhados pelo fumo. O prazer depois do prazer. Um prazer solitário. Nosso. Envolvente...que nos acalma, que nos restitui a alma ao corpo. Que a faz descer de onde esteve minutos antes.