segunda-feira, 16 de março de 2009

A Esplanada com os “outros”

Pois que estou numa esplanada, pela fresquinha da manhã, bebendo o meu café e saboreando o belo cigarrinho.
Eis que surge um ser bastante aprazível ao olhar e senta-se na mesa ao lado.
Pensamento: “Olha que bela escolha fiz! E eu que nunca aqui tinha vindo?!”

Pede galão e torradas para o pequeno-almoço. Mantenho-me no meu fumo/pensamento.

Passados uns minutos inicia a sua refeição e olha para mim.
Pensamento:”Queres ver que me pergunta se quero comer qualquer coisa?” (hehehehe)
E diz: “O senhor (eu?) podia deixar de fumar? É que eu estou a comer?”
Pensamento: “Não devo ter percebido bem!”
Digo: “Desculpe?”

“Pois. É que eu estou a comer!”
Pensamento: “Que pena… percebi bem, mesmo! Lá vou ter que dizer qualquer coisa menos agradável.”

“Pois é, menina, mas estamos na rua!!!”
“Sim, eu sei, mas é que está um dia bonito e gosto de comer cá fora…”
“Tem graça… eu também acho que está um dia lindo. E… SÓ posso fumar cá fora. Se está tão incomodada, o café é para não fumadores, vá lá para dentro.”

Não foi.
E não mudou de lugar. Eu não apaguei o cigarro.

Apetece-me deixar os comentários para vocês.

3 comentários:

catizzz disse...

Que lindo encontro de teimosos!
Já viram como esta história de expor o fumo transformou o olhar dos não fumantes sobre os fumantes?
Antes da Lei do Tabaco, muitos eram incomodados pelo fumo mas os fumantes eram apenas isso. Pessoas incómodas porque fumavam. Agora, passaram a ser tantas outras coisas... preguiçosos porque em vez de trabalharem estão à porta do emprego a fumar; anti-sociais porque rejeitam a conversa dos não fumantes para sairem a correr do café ou restaurante depois de um almoço de 1 hora; fumadores compulsivos porque se tornou possível, a qualquer pessoa que partilhe as nossas rotinas, contar exaustivamente quanto cigarros fumamos.E por aí fora...
O facto de exercermos o vício em local e hora própria, retirando-o do contexto das nossas rotinas habituais, deixou-nos fragilizados. Em mais aspectos do que seria de prever...

fumante disse...

Tudo o que seja "control freak" me deixa um bocado arrepiado e, reflectindo no que dizes, apercebo-me ainda mais que este controlo do fumo é mesmo estupidamente ridiculo.
Tenho vontade de alargar este fanatismo a outras coisas que me incomodam e agir como um não fumante fundamentalista no que diz respeito, por exemplo, às esplanadas cheias nos dias de sol ou aos pombos a cagar a cidade inteira...

Anónimo disse...

relax, baby. o sol veio para ficar e está a nosso favor! Agora, quando estivermos cá fora a fumar o belo cigarrito, e "eles" quiserem apanhar sol na esplanada, é uma pena mas vão ter MESMO de gramar com uma série de delinquentes que por acaso nem estão a cometer nenhum delito, que não vão mover um dedinho para apagar a brasinha do prazer, que já não estão à chuva arrepiados de frio e fragilizados de culpa... que por acaso até gostam de sol e de esplanadas... e quem quiser que se mude, ah!